Quem não gosta de se lembrar dos tempos de escola? Eu gosto. As lembranças de Petrópolis nunca se apagaram.

Tempos da escola: Juntar as pessoas sempre foi um traço da minha personalidade. Era amiga de todos. Alguns, com quem dividia a merenda aos 11 anos, seguem meus amigos até hoje, aos 50. E olha que a vida tratou de nos mandar para lugares distantes! Como é raro esse tipo de amizade: de dividir a merenda na hora do recreio à dividir um prato em um restaurante na maturidade com a mesma essência, como se o tempo nunca tivesse passado. 

Além de juntar as pessoas, outra característica que ressaltou cedo em mim foi o empreendedorismo. Na escola, gostava de fazer brigadeiros diferentes para vender. Quer dizer, isso era o que eu contava para a minha mãe, que achava o maior barato essa minha iniciativa. Na verdade, eu trocava os brigadeiros por salgadinhos e coxinhas vendidos na cantina, porque a minha mãe só mandava lanches naturebas para eu comer (risos).

Depois dos brigadeiros, passei a confeccionar umas pulseirinhas bem bacanas para vender. Só que o esquema era: pegue e pague. Se a pessoa tocasse na pulseira, ela já tinha que pagar. É claro que essa ideia louca não deu muito certo. Fui chamada na Diretoria e não pude mais vender as pulseirinhas, porque estava dando confusão. Óbvio, né?

Nos tempos da escola, eu não tinha aquela resposta para ‘o que você quer ser quando crescer?’. Eu nunca imaginei aonde eu iria parar. Na verdade, achava que não ia dar em nada, porque eu tenho TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), e focar em assuntos que não me atraíam era uma grande dificuldade.

Mas considero que eu era muito boa na escola, excelente até… na hora do recreio (risos). Eu arrebentava com gincanas e esportes. Algo fora da curva. Nas matérias, eu estava sempre na recuperaçãozinha, tendo que fazer um trabalhinho para conseguir passar. Porém, eu tenho dentro de mim alguma coisa fortíssima que me motiva e que me faz ir para frente. Não sei se é porque eu gosto de falar e de estar com pessoas; só sei que a minha aposta de ter um restaurante deu muito certo. Mas eu não planejei nada, as coisas foram rolando e me trouxeram até aqui.

Nunca fui muito de pensar no futuro, tanto que não terminei a escola e não queria fazer faculdade. Achava que eu era muito nova para decidir o meu futuro daquela maneira. Fui seguindo o meu destino com muita garra, atrás daquilo que me dava prazer. Eu amo cozinhar, servir, compartilhar conhecimento e ver a felicidade no rosto das pessoas. Gosto de trabalhar em equipe e detesto fazer as coisas sozinha. 

O Ruella me trouxe essa realização ansiada nos tempos de escola, porque reúne tudo o que eu amo em um lugar só: o clima familiar, a mesa cheia e farta, os colaboradores felizes e crescendo profissionalmente e nossos clientes satisfeitos. E também reúne o passado e o presente, quando me dá a chance de receber esses meus amigos de uma vida inteira.